O ano era 1986, quando o maior desastre nuclear aconteceu. O acidente no reator número 4 da Usina Soviética de Chernobyl, na Ucrânia, explodiu durante um teste de segurança e deixou mais de 25 mil mortos, segundo estimativas oficiais.
Diante da Escala Internacional de Acidentes Nucleares, este desastre recebeu a classificação de nível 7, considerado a nivelação máxima e consequentemente, a mais grave.
O que ocasionou o acidente?
O desastre de Chernobyl decorre-se de uma sucessão de erros humanos e violações de procedimentos de segurança. No dia 25 de abril de 1986, durante um desligamento de rotina, os técnicos da usina realizaram um teste no reator número 4 de Chernobyl.
Esse teste era necessário para determinar quanto tempo as turbinas eram capazes de girar após uma queda brusca de energia. No ano anterior, os técnicos já tinham executado esse teste quando perceberam que as turbinas haviam parado muito rapidamente. Para resolver este possível problema, foi instalado novos dispositivos ao longo do ano e precisavam de testes.
O operador da usina cometeu alguns erros cruciais durante o experimento, como a desativação do mecanismo de desligamento automático do reator e o desligamento de quatro das oito bombas de água que o refrigeravam. A reação nuclear já estava extremamente instável, e a quantidade de energia que ele produzia já ultrapassava 100 vezes a sua potência usual.
Então os técnicos da usina julgaram que era necessário bombear gás xenônio para o interior das varetas que continham as pastilhas com cerca de 210 toneladas de urânio-235, já que esse gás tem a capacidade de absorver os nêutrons emitidos pela fissão nuclear.
A instabilidade do reator tornou impossível o controle da fissão exclusivamente pelo uso do xenônio. Dessa forma, as hastes que tinham dentro do reator expeliram uma quantidade de água do reator, consequentemente, a água restante sobreaqueceu e evaporou, expandindo-se violentamente pela área de Chernobyl.
Mas por que a SAEG está falando sobre o desastre nuclear de Chernobyl?
Nesta semana, no dia 26 de abril é relembrado o acidente, e neste ano completa 35 anos desde a explosão.
Nós da SAEG, nos perguntamos qual foi a influência das radiações para a água da região afetada.
Então se liga no que encontramos
As condições hidrológicas e geológicas na região de Chernobyl promoveram a rápida migração de radionuclídeos para a rede de água subterrânea. A questão é que a água doce disponível na terra corresponde à água subterrânea, logo quando chegar para ser tratada, a água já estará contaminada.
Além disso, a área ao redor de Chernobyl é constantemente ameaçada pelas enchentes na primavera, conforme as neves do inverno derretem e a água corre por centenas de afluentes em direção aos dois grandes rios.
Portanto, esses fatores afetaram o alagamento das áreas, o regime hídrico superficial e subterrâneo, sua nutrição, descarga e poluição secundária.
Houve grandes mudanças no sistema hidrológico ao longo dos anos, por meio do desmatamento nas encostas e alterações feitas pelo homem nos leitos dos rios. Essas mudanças vão mudar a velocidade e a profundidade das enchentes significativamente.
Estima-se que a água subterrânea levará 50 anos para chegar ao rio, enquanto a poluição das áreas inundadas e dos reservatórios isolados podem ser levados para o rio em poucos dias. É por isso que uma avaliação das áreas de inundação usando dados de sensoriamento remoto e GIS é o problema mais importante para os pesquisadores da zona de Chernobyl .
Quais os principais fatores desta migração?
Os principais fatores naturais da migração de nuclídeos na região podem ser divididos em quatro grupos, sendo:
- Clima – evaporação e a frequência de precipitação, a intensidade e a distribuição
- Geológicas – a permeabilidade dos sedimentos, regimes de drenagem, formas de vegetação
- Litológico – estruturas de terreno e tipos de rocha
Em áreas menos afetadas, os processos de migração são adicionalmente influenciados por fatores antropogênicos relacionados às atividades agrícolas humanas.
Nesta relação, parâmetros específicos e tipo de regime de drenagem, práticas de melhoria, controle de água e aspersão podem acelerar substancialmente os ritmos naturais de migração de contaminantes.
Esses fatores são particularmente significativos para as regiões ao longo do rio Pripyat e do rio Dnieper, que estão quase totalmente sujeitas à irrigação e drenagem artificiais dentro da rede de reservatórios e represas construídas.
Medidas de proteção da água
A urgência de tomar medidas imediatas para proteção da água subterrânea na região de Chernobyl e Pripiat foi causada pelo perigo percebido de transporte de radionuclídeos para o rio Dnieper, contaminando Kiev, a capital da Ucrânia, e 9 milhões de outros usuários de água a jusante.
Nesse sentido, o governo adotou o Decreto sobre a política de proteção das águas subterrâneas e lançou um caro programa de remediação da água. No entanto, essas medidas se mostraram insuficientes por se basearem em dados incompletos e na ausência de monitoramento eficiente.
Sem informações confiáveis, a equipe de emergência lançou o cenário do “pior caso”, esperando densidade máxima de contaminação e índices mínimos de desaceleração. Quando as informações atualizadas da pesquisa mostraram riscos desprezíveis de migração excessiva de nuclídeos, o programa de remediação foi interrompido. No entanto, até o momento, a Ucrânia já gastou fundos monetários gigantes equivalentes a quase 20 milhões de dólares para este projeto, bem como expôs os trabalhadores humanitários ao perigo desnecessário de irradiação.